Escolhemos seis pessoas e tentámos projectar a alma da cada um, representando a sua desmaterialização e prolongando-a “imaterialmente” até ao exterior onde assume um novo protagonismo, e encontra a sua validação, obtendo leituras superficiais que se traduzem no pulsar do real e que são no final catalizadoras de tudo o que pretendemos conjugar, a nossa realidade com a nossa alma, tornando ambas indissociáveis num processo que se abre à essência e compreensão do nosso próprio eu.
É preciso ter cuidado com as evidências e o senso comum. Os critérios de apreciação que aí radicam, resvalam facilmente para o imediatismo e para a superficialidade das apreciações individuais, das nossas acções, da nossa aparência, eloquência, maneira de vestir, de andar...deixando escapar dimensões da realidade bem mais profundas e significantes.
Concepções de universos não-miscíveis repartem-se em interpretações sobre uma realidade que quanto mais se aprofunda, mais teima em escapar à lógica dum sentido unificador e verdadeiro. E há inimagináveis maneiras de se tornearem as evidências, e falaciosamente mostrar apenas a realidade que se quer. Dessa maneira apenas tornamos as imagens superficiais. Estas colam-se na mente, e reduzem o imaginário dos outros. No final destepercurso encontramos o vazio, a ausência de valor e o lugar onde qualquer qualidade que temos, deixa de ter importância. Porém apesar de sermos infinitamente pequenos, podemos romper com os dogmas e questionar os obsoletos conceitos que nos querem impôr, reflectindo sobre a nossa profunda razão de ser e deixar transparecer isso mesmo.
Todas estas fotos permitiram um novo olhar sobre as seis pessoas figuradas neste trabalho. Creio que é atravessar o espelho. Subitamente, encontramo-nos no lado de lá, no meio das pessoas que nos permanecem familiares. Para além das pulsões, dos simulacros e ideias feitas de ausência, representamos e significamos sempre os nossos fantasmas, ideias e valores. Estes estão presentes nas nossas acções, nos nossos desejos de criar mundos ficcionados e principalmente nos nossos sonhos. É assim, que através dos mapas da nossa realidade, induzimos ao lugar do espírito, da essência e da alma. Por tudo isto, vale a pena pensar numa realidade que tem de se construir com grandeza, sagacidade, rigor, determinação, visão e muito sonho, o tal “que comanda a vida”.