Constantly looking forward to my next meal.

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"-Can you tie a knot? - I can not knot! - You can not-knot? -Who's there? - Pooh!!! - Pooh who?"

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Caramel






Para quem tem uma visão distorcida do Líbano. Bastante distante do preconceito normalmente concebido, a autora dedica o filme “à minha Beirute”, porque a realidade de Beirute não é a que vemos nas notícias, com a omnipresença de um Hezbollah e o conflito israelo-árabe a ensombrar cada minuto.

No seu dia-a-dia, homens e mulheres (é sobretudo sobre estas que o olhar estreante de Nadine Labaki, também protagonista, se foca) são obrigados a lidar com os seus dramas pessoais, pequenos mas não menos importantes que as questões globais que chegam até nós. Com humor, sensibilidade e genuinidade, o argumento de Labaki, Rodney El Haddad e Jihad Hojeily foca-se num círculo de mulheres que se junta em torno do salão de beleza ‘Si Belle’, em Beirute

Neste microcosmos feminino, sob a paleta de cores quentes e luz dourada da fotografia de Yves Sehnaoui, misturam-se culturas, idiomas e religiões sem que isso ponha em causa a amizade e o apoio incondicional destas mulheres umas às outras. Num mundo de homens elas vêem-se obrigadas a lidar com os seus problemas de formas dissimuladas. A subtileza da realização terá a ver com a sensibilidade de Labaki mas não menos com a sua cultura, e menos ainda com a capacidade dos homens dessa cultura assimilarem a verdade. Mas, vendo bem, talvez grande parte dos homens ocidentais sofram de uma incapacidade semelhante.

“Caramel”: o Oriente como um inesperado espelho.